Ao
longo do primeiro semestre deste ano, o número de assaltos a bancos no
País cresceu 25,2% em relação ao mesmo período de 2011. Os dados são da
3ª Pesquisa Nacional de Ataques a Bancos, divulgada, nesta
segunda-feira, em Curitiba.O levantamento foi elaborado pela
Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV) e pela Confederação Nacional
dos Trabalhadores no Ramo Financeiro (Contraf), com apoio técnico do
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos
(Dieese).
O
número de assaltos a banco passou de 301 para 377 casos. Já os
arrombamentos de agências, postos de atendimento e caixas eletrônicos
passaram de 537 para 884 no mesmo período, significando um crescimento
de 64,6%. Somadas, ambas as modalidades de ataques a bancos chegaram a
1.261 ocorrências, uma alta de 50,5% em relação ao primeiro semestre do
ano passado, quando houve 838 casos. Entre as fontes da pesquisa estão
estatísticas de secretarias estaduais de Segurança Pública, notícias
publicadas pela imprensa e levantamentos de sindicatos e federações de
trabalhadores. No mês passado, a CNTV, a Contraf e o Dieese haviam
divulgado 27 mortes em assaltos a bancos, de janeiro a junho de 2012.
Nas
estatísticas de assaltos a bancos por Estado, São Paulo lidera o
ranking, com 99 casos no primeiro semestre, seguido pela Bahia (37),
Ceará (26), Pernambuco (18), Paraíba (17), Paraná (16) e Mato Grosso
(16). Em termos percentuais, o maior crescimento ocorreu no Ceará, que
passou de cinco casos no primeiro semestre de 2011 para 26 no mesmo
período deste ano, revelando uma alta de 420%.
O
ranking de arrombamentos também é liderado por São Paulo, com 190
casos. Na sequência, aparecem Minas Gerais (151), Santa Catarina (121),
Paraná (93), Bahia (54), Rio Grande do Sul (40) e Mato Grosso (32). O
maior crescimento do número de casos ocorreu em Minas Gerais, com um
salto de cinco para 151 ocorrências, uma variação de 2.920% em relação
ao primeiro semestre do ano passado. As entidades acreditam que os dados
reais podem ser ainda maiores, em razão da dificuldade de se obter esse
tipo de informação em alguns Estados. Casas lotéricas, unidades do
Banco Postal dos Correios e correspondentes bancários não constam do
levantamento.
"Esperamos
que o anteprojeto de lei que trata do estatuto da segurança privada
seja apresentado ainda este ano pelo Ministério da Justiça. A legislação
atual está defasada", disse Ademir Wiederkehr, diretor da Contraf.
"Queremos mais segurança para proteger a vida das pessoas. Não queremos
mais a morte de clientes e trabalhadores", afirmou.
Entre
as reivindicações que constam no anteprojeto estão a obrigatoriedade de
porta giratória com detector de metais antes das salas de
autoatendimento; instalação de vidros blindados nas fachadas das
agências; colocação de câmeras de monitoramento dentro e fora dos
bancos; ampliação do número de vigilantes; uso de divisórias entre os
caixas e biombos antes da fila de espera; e isenção de tarifa para
transferências eletrônicas de recursos entre bancos diferentes.
As
entidades sindicais também defendem maior controle e fiscalização por
parte do Exército no transporte, armazenamento e comércio de explosivos.
Em 2011, de acordo com números apresentados pela CNTV, houve pelo menos
44 ocorrências de roubos de cargas de explosivos no País, sendo 15
delas em Minas Gerais. Esse fato explicaria, em parte, o aumento
significativo de casos de arrombamento registrados no Estado. Em segundo
lugar aparece o Paraná, com dez ocorrências de roubos de explosivos.
"Em
cada uma dessas ocorrências são roubadas toneladas de dinamite", disse o
presidente da CNTV, José Boaventura Santos. "As mineradoras deveriam
ser obrigadas a ter um plano de segurança para o transporte desse
material, com a contratação de vigilância", declarou.
Questionado
se já havia feito algum contato com o Exército sobre o assunto, o
presidente do Sindicato dos Vigilantes de Curitiba, João Soares, disse
que o órgão participou recentemente de uma audiência pública sobre o
tema, realizada na Assembleia Legislativa do Paraná. "O representante do
Exército, nessa ocasião, informou que é praticamente impossível
fiscalizar tudo. Eles fazem uma fiscalização por amostragem", disse
Soares. "Precisamos de uma fiscalização mais consistente, com medidas
como rastreamento dos artefatos por chips ou códigos de barras. Há
locais que vendem banana de dinamite por R$ 10", completou.
Os
trabalhadores reclamam ainda do baixo orçamento destinado pelos bancos
para gastos com segurança. No primeiro semestre deste ano, os cinco
maiores bancos aplicaram R$ 1,5 bilhão em segurança, o equivalente a 6%
do lucro líquido de R$ 24,6 bilhões obtido no período.
A
Federação Brasileira de Bancos (Febraban), divulgou em nota, que a
segurança dos seus funcionários e clientes é preocupação central dos
bancos. Informou, ainda, que os investimentos em segurança feitos pelo
setor passaram de R$ 3 bilhões, em 2002, para R$ 8,3 bilhões em 2011, o
que significaria um aumento de 62,4% em termos reais.
De
acordo com a Federação, os assaltos diminuíram 78% entre os anos de
2000 e 2011, passando de 1.903 para 422. Ainda segundo a Febraban, os
bancos seguem a Lei Federal nº 7.102/1983 e sua regulamentação. "O
aprimoramento da segurança bancária levou a uma adaptação e migração dos
criminosos profissionais para assaltos fora das agências bancárias",
diz a nota.
Willian Chaves - Ascom SindVig Petrópolis
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