Dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos de Niterói e região
se reuniram a centenas de ativistas e outros dirigentes sindicais em um grande
ato organizado pelas centrais sindicais na Central do Brasil, no centro do Rio
de Janeiro, na tarde de quarta-feira (28). A concentração fez parte do Dia
Nacional de Lutas por Emprego e Direitos que teve como bandeira a luta pela
revogação das Medidas Provisórias 664 e 665 do governo federal.
Os sindicalistas aproveitaram o momento para esclarecer aos
milhares de pessoas que transitam pelo local como as medidas podem afetar os
direitos dos trabalhadores. A concentração reuniu dirigentes e militantes da
CUT-RJ, CTB, UGT e CSB, além de sindicatos de diversas categorias que coloriram o local com bandeiras, faixas, balões, camisetas e
bonés das centrais e dos sindicatos.
“Estamos cobrando os compromissos de campanha da
presidenta Dilma. Da mesma forma que fomos para a rua e garantimos a reeleição
da presidenta, não vamos aceitar a mudança no curso da política econômica, nem
que o neoliberal ministro Joaquim Levy acabe com direitos da classe
trabalhadora. Com a nossa mobilização, temos certeza de que o seguro-desemprego
não vai cair. Também lutamos em defesa da Petrobras. Claro que corruptos devem
ser punidos, mas não podemos aceitar que se destrua nem que se privatize a
empresa, grande patrimônio do povo brasileiro, como deseja a oposição e a mídia
golpista”, disse o presidente da CUT-RJ, Darby Igayara.
Saiba o
que muda com as MPs 664 e 665
No dia 30 de dezembro de 2014, o Governo Federal
anunciou duas Medidas Provisórias (MPs) - 664 e 665 – que estipulam uma série
de alterações nas regras do Seguro-Desemprego, Abono Salarial, Seguro-Defeso,
Pensão por Morte, Auxílio-Doença e Auxílio-Reclusão e devem causar impactos
consideráveis sobre a vida de milhões de brasileiros. O anúncio gerou
desconforto às Centrais Sindicais, que condenaram as Medidas e reivindicaram a sua
revogação. Além das discordâncias em relação ao conteúdo das MPs, as Centrais
declararam descontentamento pela ação do governo contrária ao compromisso
assumido em não tocar em direitos trabalhistas, e por não terem sido chamadas a
dialogar sobre os temas.
Cabe salientar que o Governo Federal justifica a
adoção dessas Medidas no contexto de ajuste das contas públicas alegando que
poderão gerar uma economia de gasto de R$ 18 bilhões. Deve-se registrar, no
entanto, que as várias medidas de apoio e benefícios ao setor empresarial
adotadas pelo próprio Governo nos últimos anos - como a redução de alíquotas de
IPI e desonerações, entre outras - representaram cerca de R$ 200 bilhões a título
de renúncia fiscal, ou seja, de recursos que o Tesouro Nacional deixou de
receber. Não há como justificar, portanto, que o ajuste se inicie exatamente
pela parcela mais vulnerável da população.
Com a MP 665, para
ter direito ao primeiro acesso, é necessário que o trabalhador comprove ter
trabalhado pelo menos 18 meses nos últimos 24 meses anteriores à dispensa.
Tomando-se os mesmos dados da Rais 2013, observa-se que o contingente de
trabalhadores que não teriam direito ao benefício do seguro-desemprego
aumentaria para oito milhões, ou seja, 64,4% do total de desligados.
Ao limitar o direito ao Abono Salarial aos
trabalhadores que mantiveram vínculos formais por pelo menos seis meses e pagar
o restante de forma proporcional, a nova regra reduz seu público alvo,
excluindo cerca de 9,94 milhões de trabalhadores desse direito constitucional e
pagando ao restante um valor inferior ao que é pago atualmente.
Apenas os trabalhadores que se mantiveram no emprego
pelo período dos 12 meses – o que corresponde a aproximadamente 35% do total daqueles
que antes tinham esse direito - receberão o mesmo que anteriormente.
A redução dos
gastos com o Abono Salarial terá impactos sobre a população mais vulnerável,
que é a mais afetada por algumas das características mais perversas do mercado
do trabalho brasileiro, como a rotatividade elevada e baixos salários. Para se
ter uma ideia, 43,4% dos trabalhadores formais permanecem por menos de seis
meses num mesmo emprego e mais da metade - 54,8% - ganhavam, em 2013, até dois
salários mínimos.
A edição das Medidas contraria compromissos de
campanha assumidos pela presidenta Dilma, que assegurou aos representantes dos
trabalhadores que não haveria qualquer mexida nos direitos da classe
trabalhadora.
Foi com a intenção de engrossar esse coro contra as
MPs 664 e 665 que o diretor do Sindicato dos Vigilantes de Petrópolis e região
participaram do grande ato. Estiveram presentes: o diretor Adriano Machado e o
vigilante Alessandro de Oliveira.
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