quinta-feira, 25 de julho de 2019

Vigilante tira a própria vida dentro de agência bancária em São Paulo


A notícia triste de que um vigilante da Embrasil Segurança cometeu suicídio dentro da agência do Itaú onde trabalhava, região central de São Paulo, acende um alerta para toda categoria. O trabalhador, de 31 anos, chegou a ser levado para o Hospital das Clínicas com vida, mas não resistiu e faleceu na terça-feira (23/7). Ele deixou a esposa.

A lição que fica é que a empresa não realizava o exame periódico de avalição psicológica com seus funcionários. Aliás, a maioria das empresas de segurança privada sequer acompanha a rotina de seus trabalhadores.

A lei 10.826/2003, em seu artigo 2º, parágrafo 2º é clara que o exame deve ser realizado anualmente por psicólogos credenciados na Polícia Federal.

“§ 2º A avaliação para a aptidão psicológica deverá ter sido realizada em período não superior a 01 (um) ano do respectivo requerimento.”

O secretário-geral da Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), Cláudio José de Oliveira, enumera as situações que levam ao aumento do estresse psicológico entre os vigilantes. Uma delas é o acúmulo de função e a pressão para que os empregados desempenhem várias ocupações, muitas vezes sem treinamento, o que resulta em ameaça de demissão.

Mais especificamente no setor bancário, Oliveira aponta a constante ameaça de roubos em agências que contam com cada vez menos dispositivos de segurança, ou as ofensas e desrespeitos de clientes barrados nas portas de segurança. Segundo o dirigente, é comum vigilantes verem ignorados seus pedidos de transferência de agências onde foram desrespeitados.

Oliveira também enfatiza o atraso de salário, segundo ele, prática recorrente no setor. “Muitas empresas pagam salário com 30, 40 dias de atraso. O trabalhador dependendo do dinheiro para alimentar sua família e as empresas atrasam o salário alegando falta de pagamento do contratante, situação que é consequência da terceirização do setor. Esse cenário colabora para que o trabalhador, sofrendo com estresse psicológico e com acesso a uma arma de fogo, perca o controle e acabe cometendo um ato extremo”, afirma o dirigente. 

A direção do Sindicato dos Vigilantes de Petrópolis e região lamentou a morte do profissional. “Muitos às vezes não sabem as pressões que os vigilantes sofrem. O acompanhamento psicológico e essencial para evitarmos situações extremas como essa. Lamentamos muito a perda de um companheiro de trabalho, ainda mais nessas circunstâncias. Vamos fiscalizar mais as empresas para que elas cumpram a lei”, afirma Adriano Linhares, presidente do Sindicato.

O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região também prestou solidariedade à família da vítima e à categoria dos vigilantes.

As condições de trabalho cada vez mais degradantes enfrentadas pelos trabalhadores podem estar atrás do ato ocorrido dentro da unidade bancária, avalia o secretário de Saúde do Sindicato, Carlos Damarindo.

“Este não é um caso isolado e é significativo que tenha ocorrido no local de trabalho. As condições de trabalho enfrentadas não só pelos vigilantes, mas também pelos bancários estão se precarizando. A falta de investimento em segurança, as jornadas extenuantes, as metas cada vez maiores, as constantes ameaças de demissão ou perda de cargo, a falta de acompanhamento das empresas que testemunham esse sofrimento físico e mental dos seus trabalhadores e o assédio moral colaboram para que essas tragédias ocorram”, afirma Damarindo.

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