Os tempos difíceis que estão por ser
enfrentados pela classe trabalhadora
brasileira podem ser agravados ainda mais
pela irresponsabilidade com os trabalhadores.
Segundo a vice-presidente da Associação
Brasileira de Advogados Trabalhistas (ABRAT),
Dra. Alessandra Camarano, em qualquer
momento de crise é o trabalhador quem precisa
contribuir para melhorar o cenário. O debate
na 14ª Conferência Nacional dos Vigilantes
realizado pela Confederação Nacional dos
Vigilantes (CNTV) ocorreu nos dias 3 e 4 de
novembro e contou também com a participação
dos desembargadores do Tribunal Regional do
Trabalho do DF (TRT 10) Mario Caron e Grijalbo
Fernandes Coutinho.
“Estamos vivendo em uma época onde só
se enxerga uma coisa como possibilidade de sair
da crise: mexer nos direitos dos trabalhadores,
na jornada de trabalho. Querem mexer nos
salários, em questões que são caras para os
trabalhadores”, afirmou. O agravante, segundo
ela, é a postura que o Supremo Tribunal Federal
(STF) tem adotado e quem vem, pouco a pouco,
massacrando os trabalhadores e enfraquecendo
suas lutas.
Somente no último mês foram
três liminares do STF que representam
um verdadeiro desmonte aos direitos
dos trabalhadores. “Essas decisões vêm
ganhando muita força e vêm sem nenhum
tipo de pudor na hora de acabar com
questões trabalhistas dentro dos tribunais”,
afirmou Camarano.
Querem acabar com a CLT
Sindicatos de luta de todo o país vêm
alertando a classe trabalhadora sobre as
investidas do Congresso Nacional para acabar
com a Consolidação das Leis Trabalhistas (CLT).
Segundo Camarano, as decisões do STF já estão
facilitando esse trabalho. Prova disso são as
alterações na Súmula 277, “que agora é uma
pedra no sapato das negociações coletivas e um
dificultador absurdo”, avaliou.
Além disso, o Ministro Dias Toffoli
autorizou o desconto de dias parados nas
greves dos servidores públicos. “O Congresso
não vai precisar ter esse desgaste com seus
eleitores porque o Supremo já está fazendo a
flexibilização. Este é o cenário que os sindicatos
vão enfrentar nas próximas negociações
coletivas e é preciso estar muito claro como
vai ser feito, o que vai ser feito, como vão se
posicionar”, alertou Camarano.
Segundo ela, a primeira solução que se vê
na crise é demissão em massa, aumento da
jornada e redução salarial. Isso tudo caminha na
contramão da história, que sempre preservou o
emprego.
Para o desembargador do Tribunal Regional
do Trabalho do DF (TRT 10) Grijalbo Fernandes
Coutinho os trabalhadores organizados
precisam formalizar as melhores convenções
possíveis.
“Por pior que fosse, antigamente ainda era
possível conseguir algum ganho na Justiça. Hoje,
se os sindicatos negociarem uma convenção
reduzindo direitos, não tenham a ilusão de que
no judiciário vocês vão conseguir mudar essa
situação, porque não tem sido essa a postura
adotada atualmente”, lamentou..
Mobilização é a solução
“Estamos vendo todos os dias um ataque
sistemático à Constituição Federal. A resposta
é mobilização nacional com toda a classe
trabalhadora, não apenas por categorias”,
observou Camarano.
No mesmo sentido, o também
desembargador do TRT 10 Mário Caron alertou
para o conservadorismo da Justiça do Trabalho.
Segundo ele, este sempre foi o cenário, mas
agora tem se agravado.
“Nós não vivemos mais em um Estado
Democrático de Direito, nós vivemos num Estado
de Exceção. Nós vivemos uma hipocrisia. Estado
de exceção é quando está tudo bonitinho, tudo
funcionando, mas na prática é tudo para os
interesses de alguns, de uma elite”, afirmou.
Segundo ele, este é uma das dificuldades
enfrentadas quando o assunto é a negociação
em tempos de crise.
Caron se juntou à vice-presidente da
ABRAT e afirmou: somente os trabalhadores
serão capazes de mudar o país. “O movimento
tem que ser dos trabalhadores, não tem outra
forma. Tem que haver reação. Eu não consigo
entender como ainda não pararam esse país”.
Fonte: CNTV
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