Eu e a maioria dos vigilantes da
velha guarda apoiamos Lula e o Partido dos Trabalhadores. Por quê? Porque
crescemos juntos na luta por melhores direitos para os trabalhadores
brasileiros.
Em 1979, quando nós, vigilantes,
fizemos a primeira greve em Brasília, o Lula veio de São Bernardo do Campo
apoiar. Naquele tempo era difícil ter alguém disposto a apoiar trabalhadores.
Ainda vivíamos sob a égide da ditadura militar.
Depois disso, ele nunca se
distanciou da gente. Sempre nos apoiou e em seu governo os vigilantes tiveram
avanços extraordinários.
O colete a prova de balas como
equipamento obrigatório individual foi um destes avanços, garantidos quando o
sindicalista Ricardo Berzoini era Ministro do Trabalho, do governo Lula.
Isso foi um grande passo para a
segurança da categoria, garantia que nem a polícia tem. Na Polícia Militar e na
Polícia Civil os policiais chegam à delegacia, tem um monte de coletes lá numa
pilha e o policial pega qualquer um se quiser usar. No caso dos vigilantes,
cada um tem o seu próprio e pode pessoalmente garantir sua manutenção.
Outra conquista importante na
vida profissional do vigilante, conseguida após 17 anos de luta nossa junto à
categoria, ao Congresso Nacional e ao Executivo, foi a questão do Risco de Vida
que tramitou e foi vitoriosa também durante os governos Lula e Dilma.
Um passo decisivo em defesa dos
vigilantes foi dado logo no início do primeiro governo Lula. Ele barrou vários
projetos draconianos no Congresso, a exemplo do que determinava que o negociado
devia prevalecer sobre o legislado, acabava com férias, acabava com o décimo
terceiro salário, dentre outras vantagens.
Lula mandou retirar um projeto
encaminhado anteriormente por FHC, que já havia tramitado na Câmara e estava
pronto no Senado para ir à votação.
É fácil verificar o quanto a
situação do vigilante melhorou durante os governos Lula e Dilma. Quantos
vigilantes que não tinham dinheiro nem para comprar uma bicicleta e hoje tem
casa, tem carro, tudo conquistado com a política de valorização do salário
mínimo e as conquistas específicas alcançadas na nossa luta pela categoria.
Vivemos hoje um momento de
dificuldade econômica, onde o mundo todo está em crise. Na Espanha,
um terço dos trabalhadores está desempregado, na Itália quase 50% deles está
sem emprego e aqui no Brasil também está tendo desemprego.
Diante de tudo isso, no entanto,
o que é importante ter em mente? Que toda essa valorização da profissão do
vigilante que aconteceu nos governos Lula e Dilma pode cair por terra se a
direita voltar ao poder.
Quem fica criticando o apoio ao
Lula neste momento é porque certamente não é trabalhador consciente, são
aqueles que estão a serviço dos exploradores e da elite deste país.
É importante neste momento que os
vigilantes entendam o histórico da tramitação dos projetos de interesse da
categoria no Congresso Nacional e participem dos próximos passos de nossa luta.
Como havia mais de 100 projetos
tratando da questão da segurança privada no Congresso, negociamos em vários
encontros com deputados e senadores a formação de uma comissão especial na
Câmara para unificá-los no projeto do Estatuto da Segurança Privada.
Como o piso salarial ficou fora
desta proposta, após ouvir nossas sugestões, o senador Paulo Paim elaborou um
projeto, instituindo o piso salarial do vigilante de R$3 mil.
Temos atualmente dois projetos
fundamentais a serem acompanhados no Congresso Nacional:
1- Projeto de criação do Estatuto
da Segurança Privada, em tramitação na Câmara Federal;
A aprovação do Estatuto é
fundamental porque com ele vamos colocar três milhões de vigilantes que estão
ilegais, na legalidade, fortalecendo a categoria.
2- Projeto de instituição do Piso
Salarial de R$3 mil, em tramitação no Senado Federal.
Convido os vigilantes de todo o
país para debater sobre o projeto de criação do Piso Salarial, em Audiência Pública,
a ser realizada dia 9 de maio, na Comissão de Assuntos Sociais do Senado.
Para que este projeto seja
aprovado necessitamos da união e do apoio de todos os vigilantes. Alguns acham
que estamos pedindo muito, mas eu não acho R$ 3 mil muito para trabalhadores
que colocam em risco diariamente suas vidas para garantir a propriedade alheia.
Se algum vigilante acha que R$ 3
mil é muito é porque ele não se valoriza. Eu acho que seu trabalho vale mais,
muito mais.
Quero alertar a todos que a
aprovação do Piso não depende só dos sindicatos, dos dirigentes sindicais, mas
também das bases.
O que é um sindicato? Não são as
paredes do prédio, os móveis, o sindicato é a massa trabalhadora unida.
Quero fazer aqui um chamamento
aos trabalhadores vigilantes do Brasil inteiro para se unificarem como fizemos
anteriormente na luta pelo Risco de Vida.
Vejo muitos vigilantes ficarem no
whatsapp criticando os dirigentes sindicais mas não se integram na luta. Lanço
aqui um desafio: quero todos os vigilantes unidos, discutindo o piso nacional e
transformando este um assunto em
pauta. Nós só vamos conquistar o piso nacional com muita
luta, muita batalha e muita determinação.
Chamo a atenção dos vigilantes
porque tem entre eles os que criticam Dilma. Estou convencido de que só fazem
isso porque não entendem efetivamente o que representa para a categoria as
consequências nefastas de um governo de direita no Brasil.
Espero que quando conseguirmos
aprovar o Estatuto e o Piso Salarial, o governo que esteja no Planalto seja um
governo de esquerda, que tenha compromisso conosco, porque se for de direita
vai fazer o jogo dos empresários e vai ser uma verdadeira guerra para conseguirmos
fazer passar.
· Chico Vigilante é diretor da CNTV, do
Sindesv-DF e deputado distrital
Fonte: Brasil 247