terça-feira, 23 de julho de 2013

Fenavist classifica como “normal” morte de vigilantes em serviço

Mais uma vez ficou comprovado  descaso de alguns patrões sem o menor senso de humanidade e compaixão com os companheiros mortos em serviço e seus familiares. Enquanto a categoria pede incansavelmente mais investimento e atenção a diversos aspectos, entre eles a forma como é feito o abastecimento de caixas eletrônicos, a Federação Nacional de Empresas de Segurança e Transporte de Valores (Fenavist)entende que a morte de vigilantes é “normal”. A afirmação foi feita pelo representante da Fenavist na 97ª reunião da Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (CCASP), Salmen Kamal Ghazale, e chocou os representantes dos trabalhadores. A reunião foi realizada em Brasília no dia 17 de julho.

Enquanto argumentava sobre o crescente número de mortes de vigilantes e cidadãos comuns em assaltos durante abastecimentos de caixas eletrônicos, José Boaventura, presidente da Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), reiterou a necessidade de instalar os caixas eletrônicos em locais seguros e sem grande circulação de pessoas.

Em resposta, Ghazale classificou essas fatalidades como “normais, inerentes à profissão”. “É normal haver incidentes, morrer vigilante”, disse. A afirmação confirma o descaso com as condições de trabalho que tantas vezes resulta em mortes.

“Estamos falando de mortes decorrentes da negligência e não do risco inerente à profissão. Isso demonstra o trato irresponsável das empresas com a vida das pessoas. Quantas mortes serão necessárias para que se perceba que não é possível continuar do jeito que está?”, indagou Boaventura.

Antes do julgamento dos processos José Boaventura, presidente da CNTV, apresentou um vídeo mostrando vigilantes fazendo abastecimento de caixas eletrônicos em supermercado, shopping e rodoviária no Espírito Santo. Eles aparecem sentados no chão, contando o dinheiro dos cassetes, em situação de alto risco para esses trabalhadores e os cidadãos que passam no local. Boaventura cobrou o fim da contagem e do manuseio do numerário, bem como a utilização de máquinas que possibilitam a simples troca de cassetes.

O representante da Contraf, Ademir Wiederkehr, reforçou a luta dos vigilantes, recordou que segue em aberto um procedimento instaurado em 2009 sobre o problema no Ministério Público do Trabalho (MPT) em Brasília e defendeu a instalação de caixas eletrônicos somente em locais seguros com abastecimento na parte traseira mediante a troca de cassetes, como no Itaú.

A nova coordenadora da CCASP, delegada Silvana Helena Vieira Borges, prometeu realizar um estudo sobre o assunto e depois fará um parecer orientando o procedimento, a fim de garantir segurança nas operações de abastecimento. Também sugeriu uma mudança na norma e a estipulação de um prazo para o cumprimento, além de uma comissão com a Fenavist, Associação Brasileira das Empresas de Vigilância (Abrevis), Associação Brasileira das Empresas de Transporte de Valores (ABTV), CNTV e PF para discutir o tema.

Fonte: CNTV

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