Mais uma vez ficou
comprovado descaso de alguns patrões sem
o menor senso de humanidade e compaixão com os companheiros mortos em serviço e
seus familiares. Enquanto a categoria pede incansavelmente mais investimento e
atenção a diversos aspectos, entre eles a forma como é feito o abastecimento de
caixas eletrônicos, a Federação Nacional de Empresas de Segurança e Transporte
de Valores (Fenavist)entende que a morte de vigilantes é “normal”. A afirmação
foi feita pelo representante da Fenavist na 97ª reunião da Comissão Consultiva
para Assuntos de Segurança Privada (CCASP), Salmen Kamal Ghazale, e chocou os
representantes dos trabalhadores. A reunião foi realizada em Brasília no dia 17
de julho.
Enquanto argumentava sobre o
crescente número de mortes de vigilantes e cidadãos comuns em assaltos durante
abastecimentos de caixas eletrônicos, José Boaventura, presidente da
Confederação Nacional dos Vigilantes (CNTV), reiterou a necessidade de instalar
os caixas eletrônicos em locais seguros e sem grande circulação de pessoas.
Em resposta, Ghazale classificou
essas fatalidades como “normais, inerentes à profissão”. “É normal haver
incidentes, morrer vigilante”, disse. A afirmação confirma o descaso com as
condições de trabalho que tantas vezes resulta em mortes.
“Estamos falando de mortes
decorrentes da negligência e não do risco inerente à profissão. Isso demonstra
o trato irresponsável das empresas com a vida das pessoas. Quantas mortes serão
necessárias para que se perceba que não é possível continuar do jeito que
está?”, indagou Boaventura.
Antes do julgamento dos processos
José Boaventura, presidente da CNTV, apresentou um vídeo mostrando vigilantes
fazendo abastecimento de caixas eletrônicos em supermercado, shopping e rodoviária
no Espírito Santo. Eles aparecem sentados no chão, contando o dinheiro dos
cassetes, em situação de alto risco para esses trabalhadores e os cidadãos que
passam no local. Boaventura cobrou o fim da contagem e do manuseio do
numerário, bem como a utilização de máquinas que possibilitam a simples troca
de cassetes.
O representante da Contraf, Ademir
Wiederkehr, reforçou a luta dos vigilantes, recordou que segue em aberto um
procedimento instaurado em 2009 sobre o problema no Ministério Público do
Trabalho (MPT) em Brasília e defendeu a instalação de caixas eletrônicos
somente em locais seguros com abastecimento na parte traseira mediante a troca
de cassetes, como no Itaú.
A nova coordenadora da CCASP,
delegada Silvana Helena Vieira Borges, prometeu realizar um estudo sobre o
assunto e depois fará um parecer orientando o procedimento, a fim de garantir
segurança nas operações de abastecimento. Também sugeriu uma mudança na norma e
a estipulação de um prazo para o cumprimento, além de uma comissão com a
Fenavist, Associação Brasileira das Empresas de Vigilância (Abrevis),
Associação Brasileira das Empresas de Transporte de Valores (ABTV), CNTV e PF
para discutir o tema.
Fonte: CNTV
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